conheço-te praticamente todo de cor. sei de cor até mesmo a tua voz: quando quero imaginar-te a dizer alguma coisa, é como a coisa mais fácil de sempre. tens uma voz encantadora, e será sempre uma coisa que eu nunca conseguirei esquecer. há vozes e vozes, e a tua, eu não esqueço. o mesmo acontece com as gargalhadas e os sorrisos. são ainda mais encantadores que a tua própria voz. cada vez que o fazes, a imagem guarda-se a sete chaves na minha memória, e jura que nunca mais de lá sai. os sons teimam em ecoar na minha cabeça, e eu, claro, não me importo nada, eles apenas permanecem durantes uns bons minutos. horas se for preciso. sei exactamente quando és tu que te aproximas, simplesmente pela cor dos teus casacos. ou quando vens com os teus óculos ray ban, sejam eles falsos ou não, mas ao longe dão-te um ar, sei lá, especial. parece impossivel, mas, tecnicamente, não é. já é um vicio quando quero conhecer-te a todo de cor, então, e obviamente, tenho de saber tudo aquilo que vestes. mas isto não é mesmo de propósito, simplesmente é. secalhar já é o destino a querer que eu te conheça mesmo de cor.
não sei se tens noção de que estas coisas acontecem: o meu coração bate ainda mais um bocadinho cada vez que passas por mim, ou eu por ti. sinto-me um bocado constrangida, quando uma das coisas acontece, porque não se hei-de olhar ou não. a verdade é que é mais forte que eu, e acabo sempre por olhar. o pior é mesmo quando me olhas de volta e eu, básicamente, páro de respirar. é lógico, sabe mesmo muito bem quando trocamos olhares. isso faz-me já ganhar o dia. gosto especialmente quando estamos ambos em lados opostos, e, mesmo assim, os nossos olhares são sempre capazes de se cruzarem mutuamente. sei que isto não é nada, e para ti isto pode não valer nem um bocadinho, nem é sequer um sinal do destino, seria estúpida se acreditasse nisso. mas sei perfeitamente que isto nunca dará em nada, e tenho a certeza que, da maiorias das vezes, não te passa sequer pela cabeça que os meus olhos estão fixos em ti. de qualquer maneira, sei que, a partir das trocas de olhares, te consegues aperceber de que não passas despercibido para mim, és mais que qualquer coisa. ao menos isso. mas, vou agora mesmo acordar para a vida, porque a verdade é só uma: nunca conseguirás olhar para mim com outros olhos.
cada momento, mesmo que tenham sido poucos, não me esqueço de nenhuns. ainda nos dias de hoje, sei perfeitamente que já é mesmo quase impossivel trocarmos uma palavra, mas, quando tal acontece, é só mais um momento para juntar à minha lista. todos eles me marcam, e são coisas que eu dificilmente irei esquecer, porque, afinal, as coisas mais importantes, nós nunca esquecemos. ainda me lembro exactamente da cor dos boxers que usavas num dos dias em que tivemos aula juntos. até me dá vontade de rir, só de me estar a aperceber do quão estúpida estou a ser por ainda me lembrar deste pormenorzinho. para muitas pessoas, isto pode esquecer-se assim de um momento para o outro, porque lá está, para elas pode passar de uma coisa sem importância. (...) tu eras a primeira pessoa que estava ao meu alcance. mais uma vez, trocávamos olhares a quase todo o instante. não era de proposito, eu juro! mas acontecia. ou até mesmo quando estavas mesmo à minha frente a tocar baixo, e os meus olhos, por mais que quisessem estar concentrados na folha para seguir a música, tinham sempre uma força da natureza a puxa-los para ti. só espero que saibas mesmo que, dos poucos momentos em que tu estiveste presente, eu nunca consegui esquecer nenhum. e aí começa uma coisa a que se chamam memórias.
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